Entre sabores, saberes e poderes:

a sociobiodiversidade brasileira na alta cozinha

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Resumo

A alimentação é um elemento central nas dinâmicas sociais e reflete relações de poder, identidade e mercado. Este artigo investiga a valorização da gastronomia brasileira em premiações internacionais, analisando como restaurantes premiados incorporaram ingredientes da sociobiodiversidade nacional. Para isso, adotaram-se como procedimentos metodológicos a revisão bibliográfica baseada na Geografia Cultural, considerando os impactos do capitalismo na alimentação e as relações de dominação e resistência nesse contexto. Ademais, realizaram-se a análise de premiações, o exame dos cardápios de restaurantes selecionados e as visitas técnicas a duas comunidades quilombolas. A pesquisa buscou compreender de que forma os chefs dialogam com a diversidade alimentar brasileira e possuem papel ativo na sua valorização ou apropriação. Também se analisou a percepção das pessoas entrevistadas sobre o uso da sociobiodiversidade na gastronomia. Os resultados indicaram que, embora tenha havido uma crescente valorização dos insumos brasileiros, ainda persistiram desafios quanto à sua inserção na alta cozinha de maneira autêntica e sustentável. Assim, o estudo contribuiu para reflexões sobre a gastronomia como expressão cultural e econômica, evidenciando tensões entre tradição e mercado.

Palavras-chave: Gastronomia brasileira; Sociobiodiversidade; Geografia Cultural; Alta cozinha; Povos e comunidades tradicionais.

 

Biografia do Autor

Luciene Cristina Risso, UNESP - Ourinhos

Luciene é Livre-docente em Análise da Paisagem pela FCTE/UNESP (2024). Possui graduação e doutorado em Geografia pela UNESP de Rio Claro, SP (2005). Complementou sua formação com pós-doutorados na Universidade de Sevilla, Espanha, durante o ano de 2017, e na PUC-Minas em 2024. Um marco significativo em sua trajetória profissional ocorreu em 2002, quando integrou o grupo da FUNAI responsável pela identificação e demarcação da terra indígena Apurinã, no estado do Amazonas, em cooperação com a UNESCO. Desde 2006, é professora da UNESP, campus de Ourinhos (SP), no curso de graduação em Geografia, e orientadora credenciada no Programa de Pós-Graduação em Geografia da UNESP, em Rio Claro (SP). Lidera o Cenpea (Centro de Percepção e Educação Ambiental) e o grupo de pesquisa Geocultural, fundado em 2015, vinculado à RedeCT (Rede Internacional de Pesquisadores sobre Povos Originários e Comunidades Tradicionais). Além disso, contribui com os grupos de pesquisa GHUM (Geografia Humanista e Cultural) e Geocultural Maranhão. Tem experiência na área da Geografia, atuando em temas como epistemologia da paisagem; territórios e culturas, paisagens e memórias, mapeamentos participativos, toponímia indígena e abordagens decoloniais nas paisagens.

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Publicado

2025-12-16