MODIFICAÇÕES NA GEOMORFOLOGIA MARINHA A PARTIR DE ESTRUTURAS PORTUÁRIAS: O CASO DO MUCURIPE, FORTALEZA/CE

Autores

  • Antonio Rodrigues XIMENES NETO Laboratório de Geologia e Geomorfologia Costeira e Oceânica, Universidade Estadual do Ceará - Av. Dr. Silas Munguba, 1700, CEP 60714-903, Fortaleza, CE, Brasil.
  • Jáder Onofre de MORAIS Laboratório de Geologia e Geomorfologia Costeira e Oceânica, Universidade Estadual do Ceará - Av. Dr. Silas Munguba, 1700, CEP 60714-903, Fortaleza, CE, Brasil.
  • Lidriana de Souza PINHEIRO Instituto de Ciências do Mar/UFC - Avenida da Abolição, 3207, CEP 60165-081, Fortaleza - CE, Brasil.

DOI:

https://doi.org/10.5016/geociencias.v37i4.12597

Palavras-chave:

Porto do Mucuripe, Estruturas Rígidas, Dragagens, Paisagem Submarina

Resumo

O litoral de Fortaleza/CE apresenta desde o século XIX importantes alterações na linha de costa, principalmente devido a obras portuárias e de estruturas mitigatórias de erosão. A pesquisa teve como objetivo analisar a evolução batimétrica do litoral norte de Fortaleza desde o início de operação do porto do Mucuripe em 1945. A área de estudo foi delimitada pelo espigão do Titanzinho e o emissário submarino, porém foi enfatizado o entorno portuário. Foi realizada a construção de modelos digitais batimétricos a partir das cartas náuticas da Diretoria de Hidrografia e Navegação – DHN entre 1945 e 2014. Evidenciou-se devido às constantes intervenções antrópicas a presença de dois setores: um adjacente a ponta do Mucuripe, com o substrato diretamente modificado por atividades de gerenciamento portuário e um segundo setor, que seria o restante da área submersa até o emissário submarino. O primeiro setor é marcado pela criação de áreas eminentemente deposicionais devido ao molhe do Titã (efeito sombra hidrodinâmica), Titanzinho (barramento da deriva litorânea) e pelo Píer (devido ao efeito sombra do Titã e do avanço da bacia de evolução). Verifica-se que o sotamar do Titã e entornos do Píer foram sucessivamente dragados desde a década de 1950, além da criação do canal de acesso do porto na década de 1970. O segundo setor é marcado pela presença dominante de feições arenosas, destaca-se um banco longitudinal subparalelo a linha de costa de cerca de 2 Km². Esta feição apresentou grandes variações espaço-temporais desde a instalação das estruturas portuárias, no entanto a sua gênese estaria relacionada a duas possíveis origens: efeito morfodinâmico do promontório do Mucuripe no redirecionamento dos processos (pretéritos e atuais) e/ou como uma antiga barreira costeira, que posteriormente foi afogada devido à elevação do nível relativo do mar no Quaternário Superior. Destacam-se quatro complexos rochosos – o Recife do Meireles, o Recife Grande, a Pedra do Justin, e o Recife da Velha. No fim do setor dois (praia da Leste), tem a presença do emissário submarino com cerca de 3 km de comprimento e uma área de descarte de sedimentos dragados. Este setor se apresenta parcialmente modificado pelas estruturas portuárias, onde as principais alterações ocorrem nas proximidades da linha de costa (espigões e enrocamentos). Verifica-se que a morfologia do litoral submarino de Fortaleza apresenta grandes modificações (aprofundamento do leito, criação de altos sedimentares) nas proximidades do Porto do Mucuripe e na linha de costa, devido às estruturas rígidas de proteção e operação portuária.

Biografia do Autor

Antonio Rodrigues XIMENES NETO, Laboratório de Geologia e Geomorfologia Costeira e Oceânica, Universidade Estadual do Ceará - Av. Dr. Silas Munguba, 1700, CEP 60714-903, Fortaleza, CE, Brasil.

Tem experiência na área de Geociências, com ênfase em Geografia Física, atuando principalmente nos seguintes temas: sedimentologia e geomorfologia costeira e de plataforma continental. Pesquisa no Laboratório de Geologia e Geomorfologia Costeira e Oceânica - LGCO/UECE

Jáder Onofre de MORAIS, Laboratório de Geologia e Geomorfologia Costeira e Oceânica, Universidade Estadual do Ceará - Av. Dr. Silas Munguba, 1700, CEP 60714-903, Fortaleza, CE, Brasil.

Geólogo pela Universidade Federal de Pernambuco, Mestre em Marine Earth Sciences pelo Universidade de Londres; Doutor em Marine Geology na Faculty of Sciences University of London e Pós-Doutor em Geologia Ambiental no Royal Holloway and Bedford New College na University of London com bolsa do CNPq (1989-1992). Visiting Research Fellow na Universidade de Londres. Foi professor auxiliar, adjunto e Titular do Departamento de Geologia da UFC, Pesquisador do Instituto de Ciências do Mar (LABOMAR) da Universidade Federal do Ceará, do qual foi por 12 anos seu diretor. Criou a Divisão de Oceanografia Abiótica e implantou a participou em diversas expedições oceanografias; Participou da criação do Departamento de Engenharia de Pesca da Universidade Federal do Ceará. Foi Chefe de Departamento de Geologia e criou o Laboratório de Geologia Marinha, o qual participou de varias expedições oceanográficas de relevância para o país. Agregou um grupo de pesquisadores na área pertinente que hoje conduzem os trabalhos e liderança de grupos de pesquisa. Estendeu as atividades de pesquisa englobando universidades de estados vizinhos, a exemplo da Universidade Federal do Maranhão. Pelo incentivo e intercâmbio de pesquisa e fortalecer a criação do LABOHIDRO para pesquisa nesta área do conhecimento recebeu o título de Professor Honoris Causa. Aposentou- se na UFC em 1998 e logo em seguida fez concurso para Professor Titular da Universidade Estadual do Ceará (UECE) em 1998. Criou o Laboratório de Geologia e Geomorfologia Costeira e Oceânica (LGCO) e criou o grupo Sistemas Costeiros e Oceânicos, que agrega pesquisadores de várias estados do país. Foi nomeado Diretor Cientifico e Diretor Presidente da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FUNCAP) no período de 1998 a 2004, onde foi incentivado o apoio aos estudos oceanográficos e geologia marinha. Foi Reitor da UECE no Período de 2004 a 2008. Membro do comitê assessor de Oceanografia por dois períodos. Membro desde 1970 e atual Coordenador do Programa de Geologia e Geofísica Marinha- PGGM. Coordenador e participou de projetos internacionais em parceria com Alemanha, Inglaterra, Espanha, Portugal, EUA, dentre outros. Aposentou-se na UECE em novembro de 2014 e permaneceu com vinculo com esta instituição como professor permanente do Programa de Pós-graduação em Geografia e ao LGCO, coordenando suas atividades científicas, projetos de pesquisas e orientando alunos de graduação e pós graduação nas áreas costeiras e oceânicas. Atualmente é Professor permanente nos Programas de Pós-Graduação em Ciências Marinhas Tropicais (PPGCMT-Labomar-UFC), em Geografia (PROPGEO-UECE) e Mestrado em Recursos Naturais da UECE (MARENA) orientando alunos de mestrado e doutorado. Tem experiência na área de Oceanografia, com ênfase em Oceanografia Geológica, atuando principalmente nos seguintes temas: Geologia Marinha, Sedimentação costeira e marinha, evolução da zona costeira, impacto ambiental, geologia ambiental e aplicações no gerenciamento costeiro. (Texto informado pelo autor)

Lidriana de Souza PINHEIRO, Instituto de Ciências do Mar/UFC - Avenida da Abolição, 3207, CEP 60165-081, Fortaleza - CE, Brasil.

Doutora em Oceanografia pela UFPE (2003),Mestre em Geografia da UECE (2000), Bacharel em Geografia (1999), Desde janeiro de 2009 é Professora do Instituto de Ciências do Mar da Universidade Federal do Ceará. Bolsista PQ-CNPq desde 2007. Atualmente exerce o cargo de Vice-diretora do Labomar e Coordenadora de Programas Acadêmicos do referido instituto. Foi Professora Adjunta da Universidade Estadual do Ceará, no período de 2003 a 2009 no qual foi Vice-Coordenadora (2005-2008) e Coordenadora (2008-2009) do Programa de Pós-Graduação em Geografia da UECE. Foi Vice-Coordenadora do Programa de Geologia e Geofísica Marinha-PGGM (2011-2015) Conselheira Titular do Conselho Estadual do Meioambiente (COEMA/SEMACE), Membro da Câmara Superior de Pesquisa da UECE, membro do Comitê de Assessoramento da Área de Ciências Exatas e da Terra da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Professora permanente do Programa de Pós-Graduação em Ciências Marinhas Tropicais (UFC) e do Programa de Pós-Graduação em Geografia (PROPGEO-UECE). Tem experiência na área de Geociências, atuando principalmente nos seguintes temas:Geomorfologia Costeira e Marinha, Oceanografia Geológica, Sedimentologia Marinha, Morfodinâmica, hidrodinâmica e transporte de sedimentos em zonas costeiras e Plataforma Interna, , Impacto e gestão de ambientes costeiros tropicais. (Texto informado pelo autor)

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Publicado

2018-12-28

Edição

Seção

Artigos