O SIGNIFICADO PALEOGEOGRÁFICO DAS TURFEIRAS COSTEIRAS DO RIO GRANDE DO SUL

Paleogeographic meaning of the coastal peats of Rio Grande do Sul

Autores

  • Leonardo Gonçalves de LIMA Universidade Federal do Maranhão-UFMA
  • Sérgio DILLENBURG UFRGS
  • Francisco BUCHMANN UNESP
  • Claúdia PARISE UFMA

DOI:

https://doi.org/10.5016/geociencias.v39i2.14402

Resumo

Na Planície Costeira do Rio Grande do Sul (PCRGS) depósitos de turfas afloram ao longo do litoral indicando os setores onde as barreiras costeiras exibem uma natureza transgressiva. Ao longo das últimas décadas várias causas foram apontadas para explicar o processo erosivo nestes setores, todas associadas a fenômenos naturais. Estas turfas aflorantes são tidas como elemento chave no entendimento da evolução costeira de longo termo deste litoral. O processamento químico das amostras foi realizado a frio com HCl (5%) e KOH (5%) e separação entre partículas orgânicas e inorgânicas com solução aquosa de ZnCl2. Este estudo se baseou em amostras de turfas obtidas de sondagens geológicas, afloramentos e perfilagens com Georradar nas praias de Itapeva e Hermenegildo. Os resultados indicam que o estrato basal que recobre os sedimentos pleistocênicos é formado por turfas, sinalizando cronologicamente o início da sedimentação holocênica na PCRGS em torno de 10.000 anos AP, quando ainda prevaleciam condições essencialmente lacustres, nas posições que viriam a se desenvolver os sistemas de barreiras costeiras holocênicas. Uma vez instaladas, estas barreiras criaram condições para o desenvolvimento de uma segunda geração de ambientes paludiais, desta vez, vinculados à redução das profundidades dos sistemas lagunares em processo de colmatação, por volta de 710 anos AP. Este estudo fornece evidências de que a linha de costa atual da PCRGS encontra-se num processo contínuo de reorientação, conduzido por um déficit sedimentar nos setores costeiros onde as barreiras retrogradantes migram para o continente e no sentido N-NO, expondo depósitos turfáceos sistematicamente ao longo do litoral.

Biografia do Autor

Leonardo Gonçalves de LIMA, Universidade Federal do Maranhão-UFMA

Leonardo Gonçalves de Lima é graduado em Oceanografia pela Universidade Federal do Rio Grande (2004), área de concentração em Gerenciamento Costeiro, mestre em Geociências pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2008), área de concentração em Geologia Marinha e doutor em Geociências pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2012), área de concentração em Geologia Marinha. Tem experiência nos temas: 1) Oceanografia Geológica/Geologia Marinha - instrumentação, aquisição e interpretação de dados como sedimentologia, geofísica, batimetria, sondagens geológicas e geotécnicas. 2) Estratigrafia - Ambientes deposicionais clásticos costeiros. 3) Bioestratigrafia - paleoecologia e paleoambiente do Quaternário costeiro. 4) Paleontologia - paleoecologia de icnofósseis de vertebrados. 5) Geocronologia - datações radiocarbono. Atualmente é professor adjunto no Departamento de Oceanografia e Limnologia da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e docente/pesquisador permanente do Programa de Pós-Graduação em Oceanografia da UFMA (PPGOceano), atuando na linha de pesquisa de Dinâmica de Ambientes Costeiros e Oceânicos.

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Publicado

2020-07-16

Edição

Seção

Artigos