DISPOSIÇÃO TERRESTRE DE SEDIMENTOS DE DRAGAGEM: ECOTOXICIDADE, BIODISPONIBILIDADE DE METAIS E ESTUDO DE CASO EM BELFORD ROXO (RJ)

Autores

  • Ricardo CESAR
  • Márcio Antônio SOUSA
  • Helena POLIVANOV
  • Emilio BARROSO
  • Thiago ALVARO
  • Juan COLONESE
  • Silvia EGLER
  • Zuleica CASTILHOS

Resumo

O presente trabalho trata dos efeitos ecotoxicológicos associados à disposição terrestre de sedimentos dragados de rios assoreados, com a utilização de bioensaios agudos com oligoquetas (Eisenia andrei) e micro-crustáceos de água doce (Daphnia similis). Foram estudadas amostras de sedimentos dragados da zona oeste do Estado do Rio de Janeiro e dispostos sobre área de proteção ambiental em Belford Roxo (RJ). A caracterização do material contemplou a determinação da textura, pH, matéria orgânica, mineralogia das argilas e de metais (mercúrio, chumbo, cromo, níquel, zinco e cobre). O bioensaio com oligoquetas foi realizado em misturas de sedimento:solo artificial, nas seguintes proporções: 0, 6, 12, 24, 50 e 100%. O ensaio com D. similis foi efetuado com um lixiviado do sedimento, diluído para as mesmas referidas proporções. Somente o cromo apresentou concentração em desconformidade com a legislação brasileira. O bioensaio com oligoquetas indicou baixos níveis de toxicidade (mortalidade abaixo de 10%), em concordância com os baixos teores de chumbo, níquel, cromo e mercúrio encontrados em tecidos de animais sobreviventes. Neste sentido, altos teores de matéria orgânica (~7%) e a presença de argilomineral expansivo (smectita) no sedimento podem ter promovido o sequestro geoquímico de metais, reduzindo assim sua biodisponibilidade. Ainda, aparentemente os oligoquetas reconheceram a matéria orgânica do sedimento como fonte de alimento. Todas as diluições testadas provocaram efeitos significativos sobre D. similis, indicando elevada toxicidade (possivelmente associada à acidez do sedimento; pH~3). Por fim, os resultados apontam que o sedimento é de baixa toxicidade para os oligoquetas. Este não é o caso, por outro lado, caso águas pluviais eventualmente venham a percolar o resíduo e, dessa forma, lixiviados tóxicos atinjam ecossistemas fluviais vizinhos.

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Publicado

2014-10-01

Edição

Seção

Artigos