Dos programas institucionais às propostas formativas para a docência universitária na Universidade de São Paulo: singularidades e elementos constitutivos
DOI:
https://doi.org/10.18675/1981-8106.v34.n.67.s17944Palavras-chave:
Universidade de São Paulo. Formação Docente. Docência Universitária. Pró-reitoria de Graduação. Desenvolvimento Profissional Docente.Resumo
Este artigo se insere no contexto do projeto de pesquisa “Assessoramento Pedagógico Universitário: Singularidades e Sincronicidades num Cenário Internacional”, em andamento desde 2022. A problemática que permeia o estudo assenta-se no silenciamento das políticas educacionais no que tange à formação do professor universitário, que, na ausência de direcionamento e amparo legal, fica a cargo de iniciativas pessoais e institucionais, refletindo motivações e concepções próprias do tempo-espaço em que estão inseridas. No caso da Universidade de São Paulo (USP), as ações e os programas desenvolvidos evidenciam as singularidades de uma instituição que construiu sua identidade pautada na pesquisa. O objetivo é investigar os programas e as propostas desenvolvidos no âmbito da Universidade de São Paulo, bem como analisar essa formação sob a ótica de professores e gestores envolvidos. Constituem-se como corpus de análise os documentos institucionais (anuários, relatórios) e as entrevistas com os atores sociais envolvidos com os programas institucionais de formação do professor universitário. A análise dos dados fundamenta-se na avaliação de conteúdo na modalidade temática. Os dados evidenciam que o lugar institucional de programas e propostas formativos tem sido marcado por disputas que refletem interesses de grupos e agentes sociais distintos, enfatizando que, na USP, questões relacionadas com a docência vêm sendo historicamente tratadas como política de gestão, o que revela o seu não lugar.
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