Différance e contingência na política curricular de Ensino Médio de Mato Grosso: a positividade falida do Projeto de Vida na formação para o autoconhecimento
DOI:
https://doi.org/10.18675/1981-8106.v34.n.68.s18646Palavras-chave:
Política curricular para o Ensino Médio. Différance. Contingência. Projeto de Vida.Resumo
Em atenção à proposta ensejada neste dossiê, aproximamos as noções de différance e de contingência, tal como pensadas, respectivamente, por Jacques Derrida e Ernesto Laclau, com o objetivo de des-sedimentar sentidos de Projeto de Vida esteados como incontornáveis no que se refere a formar o jovem na política curricular para o Ensino Médio de Mato Grosso. Introdutoriamente, contextualizamos a pesquisa que dá corpo à discussão. Na segunda seção, ancoramos a abordagem teórica pós-estrutural à différance e pós-fundacional à contingência. A política é problematizada na terceira seção com a leitura do Manual do Professor e da Live Boas Práticas, orientações direcionadas ao trabalho com o Projeto de Vida nas escolas de Ensino Médio de Mato Grosso. Pontuamos a différance e a contingência no esgarçamento do racionalismo e da fantasia de positividade na política de formação do jovem no Ensino Médio, discutindo que o educar não está relacionado nem com fundamentos racionais nem com positividades idealizadas, mas se encontra nas práticas sociais/discursos de uma coletividade constituída na luta política, de modo que qualquer sentido de formar o jovem proposto como universal não é mais que um ato de poder cujas marcas se encontram sedimentadas. Na conclusão, defendemos uma perspectiva de política curricular radicalmente contextual em que seja considerado o diferir como condição inerradicável do educar.
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