Vozes ressoantes: o currículo vivenciado por mulheres negras cotistas no ensino superior

Autores

DOI:

https://doi.org/10.18675/1981-8106.v34.n.68.s18639

Palavras-chave:

Política de currículo. Políticas afirmativas. Gênero. Ensino superior.

Resumo

As Políticas de Ações Afirmativas (PAAs) têm demonstrado efeitos positivos nas Instituições de Ensino Superior (IES), onde estudantes negros/as constituem a maioria do corpo discente. Não obstante esse efeito positivo, as mulheres negras têm sido afetadas interseccionalmente por violências produzidas ao longo do tempo (Kilomba, 2019). Entendendo as PAAs como política cultural, indagamos sobre a condição configuradora da presença de mulheres negras cotistas no ensino superior, problematizando processos culturais gerados no currículo de dois cursos de graduação, Pedagogia e Direito, em uma universidade pública. O objetivo que atravessa ambas as pesquisas é dar visibilidade a processos de significação de identidades, mais especificamente de mulheres negras cotistas, fazendo ressoar suas vozes a partir do por elas vivenciado. A análise ocorre sob orientação teórico-metodológica do ciclo de políticas (Ball et al., 1992; Ball et al., 2016) articulada à teoria de escrevivência de Evaristo (2017) por meio de entrevista semiestruturada com estudantes negras cotistas dos dois cursos. Exercitamos a escrevivência de movimentos subjetivos de insurgência de duas estudantes negras cotistas que se reposicionam enquanto mulheres negras nessa IES com práticas culturais que reverberam coletivamente em ações que significam e ressignificam suas presenças no currículo.

Referências

BALL, S. J. et al. Como as escolas fazem as políticas: atuação em escolas secundárias. Trad. Janete Bridon. Ponta Grossa: Editora UEPG, 2016.

BALL, S. J. et al. Subject departments and the "implementation" of National urriculum policy: an overview of the issues. Journal of Curriculum Studies, London, v. 24, n. 2, p. 97-115, 1992.

BENTO, C. O Pacto da Branquitude. 1. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2022.

BHABHA, H. O Local da cultura. Belo Horizonte: UFMG, 2003.

BRASIL. Lei nº 12/711, de 29 agosto de 2012. Dispõe sobre o ingresso nas universidades federais e nas instituições federais de ensino técnico de nível médio e dá outras providências. Disponível. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder Executivo, Brasília, DF 29 ago. 2012.

CRENSHAW, K. Demarginalizing the Intersection of Race and Sex: A Black Feminist Critique of Antidiscrimination Doctrine, Feminist Theory and Antiracist Politics. The University of Chicago Legal Forum. n. 140, p.139-167, 1989.

DAFLON, V. T. et al. Ações Afirmativas Raciais no Ensino Superior Público Brasileiro: um panorama analítico. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 43, n. 148, 2013, p. 302-327. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100- 15742013000100015&lng=en&nrm=iso. Acesso em: 9 set. 2022.

ELIZABETH, M. Currículo: política, cultura e poder. Currículo sem Fronteiras, v. 6, n. 2, p. 98-113, jul./dez. 2006.

EVARISTO, C. Becos da Memória. 200p. Rio de Janeiro: Pallas, 2017.

FERES J. et al. Ação Afirmativa: conceito, história e debates. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2018.

FREIRE, P. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam / Paulo Freire. –São Paulo: Autores Associados: Cortez, 1989.

FREITAS, V. G. Intelectuais negras: vozes que ressoam, Belo Horizonte: PPGCOM/ UFMG, 2019.

GONZALEZ, L. Por um feminismo afro latino americano: ensaios, intervenções e diálogos. Rio de Janeiro: Zanhar, 2020.

HALL, S. A centralidade da cultura: notas sobre as revoluções culturais do nosso tempo. Educação & Realidade, jul./dez. 1997.

HALL, S. Da diáspora: identidades e mediações culturais. Editora UFMG - Belo Horizonte: Representação da Unesco no Brasil, 2003.

IBGE. Síntese de indicadores sociais 2004/IBGE, Coordenação de População e Indicadores Sociais. Rio de Janeiro, 2005. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/biblioteca-catalogo?id=25590&view=detalhes. Acesso em: 4 jan. 2024.

IBGE. Síntese de indicadores sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira: 2015/IBGE. Coordenação de População e Indicadores Sociais. Rio de Janeiro: IBGE, 2015. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/biblioteca/visualizacao/livros/liv95011.pdf. Acesso em: 4 jan. 2024.

KILOMBA, G. Memórias da plantação: episódios de racismo cotidiano. Rio de Janeiro: Cobogá, 2019.

MAINARDES, J. Abordagem do ciclo de políticas: uma contribuição para a análise de políticas educacionais. Educação e Sociedade, Campinas, v. 27, n. 94, p. 47-69, jan./abr.2006.

MBEMBE, A. Necropolítica: biopoder, soberania, estado de exceção, política da morte. Tradução de Renata Santini. São Paulo: N-1 edições, 2018.

MCINTOSH, K. Doença de coronavírus 2019(COVID-19). Disponível em: http://www2.ebserh.gov.br/documents/1688403/5111980/4.pdf/49227786-d768-470e-9ea2-7e021aa96cc9. Acesso em: 18 jan. 2024.

MUNANGA, K. Considerações sobre as Políticas de Ação Afirmativa no Ensino Superior. In: PACHECO, J. Q.; SILVA, M. N. da (org.). O negro na universidade: direito à inclusão. Brasília, DF: Fundação Cultural Palmares, 2007.

NASCIMENTO, A. O quilombismo: Documentos de uma experiência Pan-Africanista. Rio de Janeiro: Perspectiva S.A., 2020.

OLIVEIRA, O. V. Currículo e Identidade: (re) significações no campo curricular. Espaço do Currículo, v. 6, n. 3, p. 383-395, set./dez. 2013. Disponível em: http://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/rec. Acesso em: 11 set. 2021.

OLIVEIRA, O. V.; SILVA, C. M. C. D. A emergência de estudos de política curricular e o potencial de sua base teórico-metodológica. Roteiro, Joaçaba, v. 46, jan./dez. 2021.

OLIVEIRA, O. V. de; OLIVEIRA, A. F. A. de. Currículo, políticas de ações afirmativas e pedagogia antirracista: empoderamento de mulheres negras no ensino superior. Revista Educação e Emancipação, [S. l.], v. 16, n. 3, p. 152-173, 2023. Disponível em: https://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/reducacaoemancipacao/article/view/21577. Acesso em: 8 fev. 2024.

QUIJANO, A. Colonialidade, Poder, Globalização e Democracia. Revista Novos Rumos, n. 37, 2002. Disponível em: https://doi.org/10.36311/0102-5864.17.v0n37.2192. Acesso em: 30 dez. 2023.

UFMT. RESOLUÇÃO CONSEPE nº 97, de 31, outubro de 2011. Dispõe sobra a criação de um programa de Ação Afirmativa destinado a estudantes egressos da escola pública e estudantes negros. Cotas – reserva de vagas. UFMT, Cuiabá-MT, 2011.

VAZ, L. S.; RAMOS, C. A justiça é uma mulher negra. Belo Horizonte/MG: Caso do Direito, 2021.

Downloads

Publicado

01-10-2024

Como Citar

OLIVEIRA, A. F. A. de; OLIVEIRA, O. V. de. Vozes ressoantes: o currículo vivenciado por mulheres negras cotistas no ensino superior. Educação: Teoria e Prática, [S. l.], v. 34, n. 68, p. e53[2024], 2024. DOI: 10.18675/1981-8106.v34.n.68.s18639. Disponível em: https://www.periodicos.rc.biblioteca.unesp.br/index.php/educacao/article/view/18639. Acesso em: 15 out. 2024.